sábado, 26 de dezembro de 2009

Importante VOTEM NO GABRIEL!!!!!

Importante VOTEM NO GABRIEL!!!

PREMIO "FAZ DIFERENÇA" JORNAL "O GLOBO" 2009

Nosso querido Gabriel está sendo indicado para o Prêmio Faz Diferença
do Jornal O GLOBO.

Sua indicação foi na categoria MUNDO.

E muito merecidamente!!!! Que emoção!!!

Para que ele seja o escolhido precisamos de votação popular, via e-mail.

Vamos adiante, acessando o link, votando e multiplicando essa escolha!

Assim,estaremos colaborando para que os ideais humanitários de Gabriel ,de solidariedade, fraternidade,educação de qualidade, melhor distribuição de renda e ação positiva se disseminem e colaborem pra a transformação de nosso mundo em um lugar mais justo e mais feliz!!!

Acessem o link http://oglobo.globo.com/projetos/fazdiferenca2009/

AJUDEM O GABRIEL A CONTINUAR A FAZER DIFERENÇA!!!!.

AGORA É A NOSSA VEZ!!!!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Email de uma amiga do Gabriel da FGV‏-Rio. Que Lindo!!!

De : Samanta dos Reis Sacramento Monte (samantam@gmail.com)


Fátima e Nina,


Trabalhei com Gabriel na FGV. Ainda lembro do primeiro dia em que conheci Gabriel...ele entrou na sala do CPS olhando para todos os lados e rindo pra todo mundo. E eu pensei, quem é esse maluco que entrou aqui???Mas não foi difícil conhecer Gabriel, em pouquíssimo tempo ele já era amigo de todos aqui e já fazia parte fundamental da equipe do CPS. Sobre as qualidades dele, nem preciso falar, todos sabemos bem a pessoa boa, inteligente e única que ele era. Mas assumo, que diante de tudo que aconteceu, pude perceber que Gabriel realmente era especial, e merece sim, tudo e muito mais do que está sendo feito.

Algumas coisas que passamos juntos aqui no escritório me marcaram muito. Mas sempre que penso nele, a primeira coisa que me vem à cabeça é a forma com que ele cumprimentava a mim e todos da equipe. Ele abria bem os braços e com um sorriso gigante no rosto, nos abraçava (quem o conhecia sabe exatamente como era).

Eu teria muitas histórias pra contar, mas pra mim, particularmente, três são as que mais me marcaram.

Eu participo de um encontro de jovens de uma igreja e umas das campanhas era arrecadar doações de sangue. Convidei todos da equipe para fazer a doação, e na mesma hora Gabriel aceitou meu convite. Fomos no mesmo dia, na hora do almoço, ele pegou o "Trovão Azul" e levou eu e Carol para doação, nem conseguimos fazer a doação naquele momento, mas o que ficou marcado foi a atitude espontânea e solidária dele.

A outra história, não sei se vou conseguir explicar direito...mas vou tentar. Eu e Carol somos Estatísticas e, muitas vezes, eu ou ela esquecíamos uma ou outra fórmula. Eu e ela sentávamos razoavelmente perto e o Gabriel sentava do outro lado da sala. Quando eu e Carol perguntávamos uma a outra sobre alguma fórmula, Gabriel (sentado do outro lado da sala e com um ouvido biônico!rsrs) sempre gritava a fórmula toda sem titubear. A gente sempre começava a rir, perplexas de como ele havia escutado a gente e, pior ainda, de como ele sempre sabia todas as fórmulas de cabeça. Isso aconteceu, inúmeras vezes!!

A terceira, e não menos marcante, foi um trabalho em que Gabriel me ajudou. Eu tinha uma lista de muitos países do mundo inteiro, e eu tinha que separar os países por continente. Gabriel,na mesma hora, se ajoelhou do meu lado, e foi me dizendo a qual continente cada país pertencia. Depois Gabriel sempre me perguntava se não tinha mais trabalho desse tipo pra ele me ajudar!!!

Nem preciso comentar, os dias em que Gabriel vinha trabalhar todo fantasiado de Flamengo (dos pés à cabeça) nos dias seguintes que o Flamengo ganhava. E quando o Flamengo era campeão, ele ainda ficava trabalhando o dia todo com a faixa de campeão. E quando o Flamengo perdia, ele vinha arrasado, ninguém podia nem tocar no assunto.

Bem, na verdade muitas seriam as hitórias pra contar de Gabriel...como a do terno roxo que a Carol nos lembrou. E os almoços, que todos falavam para Gabriel comer e parar de falar...pois ele era sempre o último a acabar. rsrsrs

Não vou dizer que era a melhor amiga de Gabriel, sou apenas uma amiga de trabalho, que conviveu diariamente quase dois anos ao lado de Gabriel. E queria muito poder compartilhar essas histórias com a família de Gabriel. Que nos mostrou um lindo exemplo de força e fé.

Seguem também, algumas fotos, de momentos de Gabriel com a equipe de trabalho do CPS, em alguns eventos e inclusive a nossa despedida com Gabriel (coloquei s fotos em outro email).

Inclui tb uma foto, que Gabriel me mandou dele na Holanda, em um email que mandei para ele durante a viagem dele.

Nina, não sei se lembra, mas vc me deu seu email. Fátima, peguei seu email em um dos emails que Gabriel mandou. Fiquem com Deus!!!


Com carinho,

Samanta dos Reis Sacramento Monte



Beijos

Comoventes Consideraçôes de um Amigo

De: Milton Rangel Salgado Neto

Oi Fátima,

Peço desculpas pela demora no envio deste email. Eu o escrevi poucos dias após minha visita a sua casa. Eu procuro aqui retratar a conversa que tivemos nesta minha visita, durante a qual você se mostrou sensibilizada e me pediu que pusesse em palavras aquelas frases que falei com sinceridade sobre o Gabriel.


Sobre o trabalho acadêmico que o Gabriel vinha desenvolvendo, tive a oportunidade de ler sua tese de mestrado que achei na internet, falando sobre a interação entre educação, fertilidade e políticas econômicas e suas conseqüências para a distribuição de renda.

Não vou me ater aqui a aspectos técnicos de sua tese. Apesar do brilhantismo do Gabriel e de seu rigor teórico, minha admiração (e surpresa!) é por algo mais simples que tudo isso: ao invés de se interessar por assuntos básicos para os economistas como finanças, taxas de juros, inflação, etc, que costumam render colocações no mercado de trabalho com volumosos contracheques, Gabriel focou todo seu esforço e seu talento estudando sobre a educação, sobre como seria possível melhorar o bem-estar de toda uma sociedade através do investimento na educação.

Escolha no mínimo inusitada. Eu diria que extremamente nobre da parte dele. E ainda provou tudo isso com um categórico rigor matemático, que é a atual língua dos economistas mais ortodoxos.

Além disso, refletindo após nossa conversa, percebi que sua contribuição transcende a própria teoria econômica que todos nós, economistas de formação,somos “doutrinados” a receber enquanto estamos na trajetória acadêmica.

Adam Smith, considerado por muitos o pai da economia moderna e o mais importante teórico do liberalismo econômico, afirmou em sua principal obra que “o mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta (self-interest), é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade”.
Através desta frase aprendemos já no início da faculdade que o homem, por natureza, é egoísta e está em constante busca de sua própria satisfação. E o convívio entre todos os “homens egoístas” em uma economia regulada por diversas leis e normas dá origem a esta mão invisível que promove um equilíbrio econômico e o famoso bem-estar da sociedade.


Bom, teorias à parte, o que me surpreende no Gabriel é que ele contradiz o argumento fundamental de Smith. Gabriel provou ser possível não ser um ser humano egoísta e não olhar somente para seus interesses próprios (self-interest), mas olhar também para o próximo e ter o bem-estar social como uma finalidade, e não uma mera conseqüência de consecutivos atos de egoísmo ou porque uma “mão invisível” assim conduziu o rumo da economia.

Gabriel percebeu que há muita gente sofrendo, que alguma coisa está errada neste mundo, e procurou fazer a sua parte para melhorá-lo.

O fascinante em Gabriel é que ele não caiu na “armadilha” de achar que o que mede o caráter, a dignidade e a admiração por uma pessoa não é traduzido por quanto ela tem em sua conta bancária, por quantos títulos ela adquiriu ao longo da vida, ou por qualquer outra convenção social ligada a algum tipo de status.

Ele entendeu que todos somos irmãos, e todos somos fascinantes e dignos de sermos amados e respeitados. Do mais rico ao mais pobre. E apesar de todas as portas que estariam abertas para ele fazer parte desta ciranda materialista, ele optou por algo mais simples, algo que para ele certamente era mais valioso e verdadeiro, que lhe fazia mais sentido. Gabriel não se deixou levar por paradigmas e idéias impostas por “grandes pensadores” e “intelectuais respeitáveis”. E creio que ele tenha percebido isso apenas seguindo sua intuição, seguindo seu coração.


E ele entendeu também que, no nosso mundo, estar desprovido de liberdade é não poder voar, e não poder voar é não viver plenamente, é até não poder ser feliz. Para dar essa liberdade que ele tanto valorizava e vivia intensamente para outras pessoas, Gabriel achou um meio, mesmo nesse mundo louco no qual vivemos: através do acesso à educação.

A educação e a cultura são os meios mais simples e capazes de promover a emancipação do ser humano nesse nosso mundo atual. Faz com que eles não se tornem escravos de outros seres humanos.

E creio sinceramente que tamanha admiração pela vida do Gabriel se tornou um fenômeno tão grande para várias pessoas porque nós já começamos a esquecer o sentido da vida, coisa esta que Gabriel não apenas não esqueceu como viveu a cada dia de sua breve trajetória, e o reacendeu em nós.

E isso emociona a qualquer ser humano. Creio que se cada pessoa que deixasse esse mundo causasse o mesmo impacto que o Gabriel (independente do brilhantismo, mas pelo simples fato de ser humano e fazer o bem), o mundo seria um lugar melhor.

E Gabriel provou que isso é possível!

Um grande abraço,

Milton


“A verdadeira arte de viajar...
A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!”

- Mário Quintana

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um grande brasileiro fala de Gabriel

10/08/09

Roberto Saturnino Braga é Colunista de Plurale (*)

A morte desse rapaz Gabriel Buchmann me estremeceu.
Motivos muito antigos e muito interiores me causaram esse estremecimento. Lembranças encasuladas, foi um projeto meu, nunca realizado, e de tantos jovens inconformados, este de percorrer o mundo da pobreza, o mundo injustiçado, o mundo oculto e desprezado, conhecê-lo por dentro, demoradamente, e fazer depois desse conhecimento um relato candente, escrito e fotografado (não havia outras tecnologias de registro na minha mocidade), e uma bandeira política, fremente, tão vibrante que pudesse abalar o mundo. Foi um projeto frustrado da minha juventude, um sonho que começava na África, como o de Gabriel, como o de tantos milhares ou milhões de jovens pelo mundo afora. A África tem um grande apelo para os brasileiros; nós somos tão africanos quanto ibéricos.
Todavia, Gabriel foi, ousou e realizou o que outros fantasiaram tanto mas de longe. Arrostou a hesitação e a insegurança com a libido generosa da juventude. Foi. Mensagens de júbilo chegavam aos seus amigos no Brasil. Estava no Maláui, uma região da qual os amigos não tinham nenhuma referência, de tão pobre e esvaída no mapa. E ia tudo bem, conforme o projetado. Mas a mocidade, ademais de generosa, é estofada com o espírito da aventura. E Gabriel não resistiu à tentação de subir a montanha misteriosa, chegar lá no topo do monte Mulanje, dominador da região, sorver o ar fino, o arcano, e desfrutar o descortino daquela luz aberta.
Oh, meu Deus, que admiração sinto por este rapaz! Que pena, que sentimento de luto me toma a alma ao saber da sua morte! É a perda de um jovem brasileiro, extraordinário jovem brasileiro que eu acho que ia mudar o mundo com o seu arrojo, com o seu brilho, o seu saber, com o seu esforço.
Que grandeza perdida, que frustração profunda! Que pena. Estou de luto, não conseguirei escrever o Correio da próxima semana.
Meu abraço comovido à mãe de Gabriel e aos seus amigos.

(*) Roberto Saturnino Braga é Colunista de Plurale, colaborando com um artigo por mês. Ex-senador, é autor de vários livros.

domingo, 13 de setembro de 2009

Carta para uma tia de Gabriel

From: Ignes Ferber
To: anabellabuchmann@

Anabela,

vou me permitir ser repetitiva. O meu encantamento imediato por seu sobrinho (desde aquele primeiro email) foi pura identificação com o pouco que, na minha idade de jovem adulta, eu também tinha de 'aventureira' (aqui no melhor sentido de ir conhecer/entender as 'cores' da vida onde quer que estivessem). Também nasceu em mim uma forte admiração pelo Gabriel que já tão jovem conseguia entender, interagir e registrar em seus textos, brilhante e levemente, o funcionamento do mundo que ia conhecendo.

Ultimamente ando mais triste e me peguei engasgada ou chorando pelo Gabriel, sem nunca tê-lo encontrado fisicamente. Acho que ajudou o fato do pouco que conheço de vc Anabela, e de sua sensibilidade, fazer com que a história de Gabriel tomasse uma dimensão também pessoal. Talvez, como pode ter ocorrido com muitas pessoas, a história de Gabriel se instalou em mim sem que eu me desse conta.
Mas também percebi que minha tristeza era porque parte do que fui um dia, novamente se foi. A parte da pessoa idealista e cheia de energia para conhecer e trabalhar para um mundo melhor que está no imaginario dos sempre jovens de espírito. Acho que este era um dos segredos da liderança do Gabriel.

Tenho certeza absoluta que se os amigos e familiares sentirem a necessidade de continuarem unidos em torno da história que o seu menino Gabriel deixou na Terra, muitos de seus sonhos ainda poderão se concretizar.
Eu mesma (e muitas outras pessoas que deixaram se tocar pelo Gabriel) leria seus livros e, se me fosse permitido, participaria de seus trabalhos por admiração às idéias do homem que se formava e por acreditar na indole da familia.

Gostaria realmente de acertar nas palavras...

Um beijo Anabela, fique bem e em paz, que Gabriel também precisa e gostaria de sentir todos que o amavam fortalecidos.
Ignes.

sábado, 5 de setembro de 2009

Espectro Econômico - Mestrado Economia da PUC - Rio

Somos sete alunos do mestrado de economia da PUC-Rio. Esse blog tem o objetivo de debater principalmente, mas não exclusivamente, economia. Como cada um nós vem de uma univesidade diferente, com formações bem distintas, esperamos que esse blog represente uma proporção razoável das idéias do espectro econômico.
Sexta-feira, 7 de Agosto de 2009

Gabriel Buchmann responde a Michel Foucault

Na Genealogia da Ética, Michel Foucault perguntou:

"- O que me impressiona é o fato de que em nossa sociedade, arte se tornou algo ligado somente a objetos e não a indivíduos. Que arte seja algo somente para experts ou artistas. Mas por que não pode a vida de alguém se tornar uma obra de arte?"

- Ela pode, Foucault. Ele pôde.

Saudades.

Postado por Tiago Caruso às 04:16

1 comentário:

Anônimo disse...
A história desse cara dá um filme (vixe, olha aí alguém já querendo transformar a vida-arte em objeto). Daqueles bem emocionantes... e que faz as pessoas pensarem.abraços, Zamba
Ainda sobre oEsporte Espetacular

A Emoção continua!!!!!
Estamos recebendo inúmeras mensagens de pessoas que foram profundamente tocadas e sensibilizadas pelo Programa Esporte Espetacular da TV Globo de 30 de agosto!
Todos elogiam a sensibilidade , o respeito e o profissionalismo de Clayton Conservani e Thiago Asmar .
A ideia da homenagem, o carinhoso contato da equipe com a família, a viagem até a África, a subida ao Monte Mulanje, o enfoque humano com que descreveram a população local, a homenagem a Gabriel no cume do monte, a descrição sensível e fiel de seu perfil humanitário e até a bravura de Thiago , que completou a trilha com ligamentos do pé rompidos....Tudo isso valeu a pena .
Valeu a pena porque a alma deles não é pequena!
Valeu, Thiago e Clayton !!!!

Friends he met in Nepal

Gabriel‏
William Mcaleese (willmcaleese@googlemail.com)
mer. 02/09/09 16:22
À :
Dear Nina and Fatima

I have just received your email via Joao Tajara. Firstly I would like you to know how concerned we were when we first heard of Gabriels disappearance and of course how hurt we were when we learned of his death.

We met Gabriel in Nepal whilst trekking in Nepal on the Annapurna circuit and pretty much saw each other eveyday until we finally got over the pass of 5416m. He loved the whole thing and was completely in his element. I remember when were coming down the other side, he was running down like a big kid because he loved the snow so much. Gabriel was always pushing that little harder to go that bit higher or finish that little quicker.

Me, my girlfriend Tamar and her sister Rotem spent nights talking together and reliving the days trekking and mulling over life in general. We were so looking forward to him coming to England aswell.

We will miss the charasmatic Gabriel Buchmann. God bless

We are so sorry for your loss

William Mcaleese

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Para a equipe do Esporte Espetacular (II)

Agradecimento ao Esporte Espetacular



Vimos hoje, na Globo, a matéria com a façanha de vocês no monte Mulanje e gostaríamos de lhes agradecer muito, pois foi uma homenagem linda, linda! Somos da família Chaves de Mello, primos da mãe do Gabriel Buchmann (Fátima), e nos emocionamos demais ao vermos vocês perfazerem o mesmo caminho dele, correndo todos os riscos e nos fazendo reviver o que ele percorreu... E deixando lá aquela placa, com os versos de Fernando Pessoa, que tão bem sintetizam o que estamos sentindo com essa história toda, tão absurda...Sim, valeu a pena, pois a alma dele era muito grande! Gabriel era uma pessoa rara e especialíssima, dessas que não são deste mundo, mesmo! De uma generosidade sem par, de uma delicadeza e doçura que conquistavam a todos... Além disto, de uma competência intelectual muito acima da média, que teria feito dele uma pessoa de grande projeção, daqui a mais uns anos... Suas pesquisas trariam, certamente, um pouco de alívio aos problemas da humanidade...Sua vida foi ceifada cedo demais, mas o nosso consolo é que ele morreu de uma maneira linda, estudando a pobreza para melhorá-la e, graças a vocês, pudemos ver que o lugar escolhido para a sua morte também é lindo, digno da vida dele...

Graças a vocês, também, pudemos compartilhar a dor da família com o Brasil inteiro...Nada é consolo para um sofrimento tão intenso quanto o que a mãe, a irmã, a avó, os tios e demais familiares dele estão vivendo, neste momento, mas podem ter certeza de que trabalhos bonitos como o que vocês apresentaram hoje, para todo o Brasil, ajudam demais a consolar e minorar a nossa dor... Deixamos aqui o nosso muito obrigado,
Paulo Chaves de Mello e Elizabeth Chaves de Mello

--
Beth Chaves

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Para a equipe do Esporte Espetacular

Cleyton e Thiago,
> Ao percorrerem a última trilha da vida de Gabriel em direção ao mais alto, ao pico de sua vida, lá pertinho do céu, que o levou para tão longe de nós e junto de Deus, vocês nos deram um presente lindo, pela maneira tão especial de recontar a história.
> Espero, do fundo do meu coração, que a persistência, o carinho e a humanidade que reconstruíram cada trecho dessa derradeira caminhada, assim como a delicadeza e o cuidado que trataram do assunto, da produção, a da edição primorosa do programa, sejam os principais atributos para alcançarem seus objetivos, levantando a cada tropeço, em direção à realização de seus sonhos. Para mim, vocês já são grandes vencedores. O meu muito, muito obrigada, da prima de Gabriel,
> Glória
>
> Maria da Glória Chaves de Melo

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Carta para o Gabriel

Eu fui para o Carnaval no Rio de Janeiro em 2007 e fiquei hospedado com meu sobrinho Felipe . Lá conheci o Gabriel que morava com ele e o Márcio e fiquei no quartinho de empregada.

Sou Gay e vivo em Londres há 18 anos mas costumo passar parte do inverno Europeu e Verao Brasileiro em Fortaleza e no Rio.

Não sabia que o Felipe sabia da minha homosexualidade e que tinha comentado com os amigos que tinha um tio Gay e que este estava vindo passar o Carnaval com eles.Na minha chegada, de cara, eles me aceitaram na maior. Nunca me senti tao bem na minha vida como conviver com rapazes tao abertos, amigos, carinhosos e receptivos. O Gabriel ja comecou a me chamar de o meu tio Gay e nos tornamos muito amigos e confidentes.

A aventura do Gabriel comecou aqui em Londres. Aqui foi o ponto de partida e onde ele ficou 10 dias comigo, aqui nos compramos tudo que ele necessitaria para uma grande viagem: computador, barraca de Camping, mochila, saco de dormir, assim como toda as parafernalhas necessarias para um grande desbravador; faca ,canivete, livros sobre os locais a serem visitados, mapas, etc. Ao final de todas essas compras, já estava com 60 quilos de bagagem. Daí foi a grande batalha para saber o que ia e o que ficava. Eu estava de férias e fiquei os 10 dias com ele, lhe dando assistencia total.

O tempo de preparação para a viagem foi quando realmente conheci o Gabriel mais profudamente, senti como gostaria de ter tido um filho como ele. O Gabriel foi a pessoa mais desprovida, humana ,pura, inocente, cativante, amiga, leal, aberta e despreconceituosa que eu conheci na vida, Na sua partida eu chorei de alegria por ter covivido com uma pessoa tao linda, de tristeza por que ele partia e de medo do que poderia acontecer com ele em uma viagem tao longa e aventureira e ele sendo tao puro.

Nas últimas palavras que trocamos, ele disse: "Tio muito obrigado por tudo,voce foi como um pai carinhoso atencioso,amigo,eu nunca fui tao bem recebido na minha vida como com você, hotel 6 estrelas, tudo na mao e por uma pessoa tao linda como voce, prometo-lhe que lhe manterei informado de toda a minha viagem." Eu lhe disse: "Meu anjo Gabriel voce é lindo por dentro e por fora e que Deus te acompanhe." Dentro de mim eu o tinha adotado como um filho no coração e o medo e as inseguranças que um pai sente quando um filho esta partindo eu senti, nao rezei por que nao sou religioso, mas pedi a minha mãe, que ja partiu e era muito religiosa, que olhase por ele. Aqui e ali eu recebia um E-mail dele, que sempre eram fontes de alegria.

Depois da notícia do seu desaparecimento sofri à distância, junto com todos os seus familiares, parentes, amigos e conhecidos. Veio a confirmação de sua morte. Entrei em uma depressao (que ja estava sentindo, mas seu desaparecimento e morte agravou o quadro), e tanto me abalei que só agora estou conseguindo dar este depoimento. Mais uma vez nao consigo rezar, mas pedi à minha mãe, a pessoa que mais amei no mundo, que lhe ajudasse e lhe orientasse la em cima, se la em cima existe. Ele se foi do nosso meio, mas com a certeza de quem o conheceu, sempre o teremos dentro de nós.

Tio Kleber

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Esporte Espetacular no Domingo

Esporte Espetacular /TV Globo / próximo domingo /
30 agosto/ por volta de 11horas

A Equipe do Esporte Espetacular foi ao Malaui e subiu a trilha do monte Mulanje em homenagem ao Gabriel.

Nós , família e amigos, estamos muito gratos e sensibilizados com esta reportagem!

Assim se faz o bom jornalismo: com alma e profissionalismo!

Vamos todos assistir ao Programa e compartilhar esse momento!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Neste artigo o Prof Marcelo Neri fala de Gabriel


4. A revolução da qualidade da educação, artigo de Marcelo Neri
"Em nenhum destes períodos a educação ocupou o lugar central da agenda brasileira"

Marcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais do IBRE, da EPGE e da REDE da FGV, é autor de "Retratos da Deficiência" e "Cobertura Previdenciária: Diagnóstico e Propostas". Artigo publicado no "Valor Econômico":

O Brasil viveu ao longo das últimas décadas prioridades e mudanças diversas: do milagre econômico do final dos anos 60 e 70, onde a tônica foi o crescimento, à redemocratização dos anos 80, chegando à estabilização dos anos 90 e à redução da desigualdade de renda da década atual. Em nenhum destes períodos a educação ocupou o lugar central da agenda brasileira.

Vale a pena repassar o papel da educação no debate brasileiro dos últimos 50 anos. Nos anos 60 e 70, o desprezo pela educação percorreu todo o espectro ideológico brasileiro, unanimidade burra. Durante os anos de chumbo tanto a esquerda como a direita pregavam, cada um a seu modo, a sua revolução, sem tocar em escolas.

Segundo o trabalho seminal de Carlos Langoni de 1973, a falta de investimentos em educação foi a grande culpada pelo aumento da desigualdade observada nos anos 60. O aumento da demanda por trabalho qualificado não encontrou eco na oferta de escola. Nos anos 70, tivemos mais do mesmo, a passos mais lentos. Na "Pedagogia do Oprimido" de Paulo Freire, a escola deveria gerar a mudança desde a base e como subproduto o aprendizado.

A principal demanda reprimida da geração que viveu os anos de chumbo era por democracia. Essa demanda foi materializada na Constituição de 1988, que obriga as unidades subnacionais a gastar em educação, mas sem tocar na qualidade do gasto. É a Constituição dos direitos, mas não dos deveres. A década da redemocratização deságua nas eleições presidenciais de 1989, realizadas sob os nossos recordes de inflação e de desigualdade de renda, pautando a agenda das décadas seguintes.

Em meados dos anos 90, Fernando Henrique, auxiliado por seus escudeiros, fincou a lança no coração do dragão da inflação. A partir daí começamos - na primeira pessoa do plural - a planejar nosso futuro. Longe das incertezas e das ilusões monetárias, passamos a ter uma agenda real. A revolução do presidente com nome de príncipe não está na realeza, mas no sentido de realidade propiciado pela moeda estável.

Nesta época começa a mensuração sistemática da qualidade da educação com o início dos exames e da série do Saeb (Sistema de Avaliação do Ensino Básico). O primeiro Saeb foi em 1995, quando tínhamos 15% das crianças de 7 a 14 anos fora da escola. Em 2001 passaram a 3%.

À medida que jovens com mais educação chegavam ao mercado de trabalho e que novos e velhos programas sociais redistribuíam uma moeda estável, a desigualdade começou a ceder. A base da distribuição viveu de 2001 a 2007 crescimento chinês, com ganhos de renda per capita de 49,5% para os 10% mais pobres contra 6,88% dos 10% mais ricos. O ganho de renda dos mais pobres entre 2001 e 2005 é explicado por: 50%, renda do trabalho; 40%, efeito Bolsa Família; e 10% de efeito Previdência.

Olhando as metrópoles no período recente, a desigualdade de renda do trabalho, que reflete como seu principal determinante a escolaridade, cai até junho de 2008 de maneira sustentável, com velocidade comparável à concentração produzida pelo milagre econômico. Estas são, a rigor, as únicas mudanças dignas de nota para quem olha 50 anos.

Desde junho de 2008, com a chegada da crise ao Brasil, a desigualdade sofre algumas flutuações com forte piora em janeiro e recuperação posterior. Os resultados se apresentam mais auspiciosos se restringirmos a análise apenas aos ocupados, desprezando os efeitos da crise sobre as taxas de atividade e de desemprego. Qualquer coisa que se diga que não seja "estamos no mesmo lugar desde o período pré-crise" - ou seja, um empate - seria um exagero, um desprezo pelos sem-renda ou as duas coisas.

Desde 2007, as bússolas tanto do Ministério da Educação, como da sociedade civil, através do Ideb e do Movimento Todos pela Educação, passam a apontar para o norte da qualidade da educação. São metas prospectivas vigentes até o começo da outra década, em 2021, para que o bicentenário da independência o Brasil possa ser comemorado de fato.

São metas objetivas que olham para a qualidade da educação das crianças, sem voz ou voto, para além do curto-prazismo dos mandatos dos políticos. Esta é o centro da agenda da geração que faço parte, revolucionar a educação de qualidade na próxima década.

O livro "Educação Básica no Brasil", recém-lançado pela Editora Campus-Elsevier e editado por Fernando Velloso, Samuel Pessoa, Ricardo Henriques e Fábio Giambiagi, sistematiza em linguagem acessível, como um grande artigo do Valor segundo Fábio, os desafios da revolução da educação de qualidade, reunindo um seleto grupo de pesquisadores que aprendeu a levantar e processar dados de economia do trabalho, mas optou por trabalhar em prol da qualidade da educação.

Muitos deles participando em fóruns ligados a movimentos da sociedade civil, advogando contra seus próprios interesses particulares pela menor ênfase ao ensino superior e ao salário dos professores.

Os caminhos que levam à educação de qualidade são múltiplos, mas convergentes no aprendizado dos alunos. Começando pela educação da primeira infância em artigo de Aloísio Araújo, Flávio Cunha, Rodrigo Moura e James Heckman e co-autores; passando pela análise das metas oficiais de educação nas palavras de seus próprios propositores como Reynaldo Fernandes, presidente do Inep; incluindo inúmeras contribuições sobre componentes da oferta de educação relatados pelos educadores José Francisco Soares e Cláudio Moura Castro - que se tornou educador sem nunca deixar de ser economista.

Seguido pela nova geração de economistas da educação tais como André Portela, Cláudio Ferraz, Maria Carolina e Naércio Menezes, entre outros tantos representantes. De uma geração cercada de fiéis escudeiros como Gabriel Buchmann, que já superou seu mestre.

Esta será uma revolução que terá de ocorrer prescindindo da educação dos pais. Esta será uma revolução que terá de superar o fato de apenas um quinto das diferenças da proficiência dos alunos ser explicada por variáveis de políticas associadas às escolas e aos professores. Esta será uma revolução que deverá se dar não só na oferta de educação de qualidade mas também na sua demanda, revertendo o baixo interesse dos alunos. Esta será uma revolução que acompanhará mudanças de cada escola, nas causas e nas suas consequências. Esta será uma revolução que no futuro acompanhará a trajetória de cada aluno, para evitar ao fim repetir o caso relatado por uma rica, famosa e loira apresentadora de TV: "A minha vida deu uma revolução de 360o!".
(Valor Econômico, 11/8)

Pessoas que fazem diferença

Queridos Amigos,

Em alguns momentos na vida cruzamos com

algumas pessoas que fazem total diferenca

em nossas vidas. Eu me considero uma pessoa muito abencoada

e sou muito grato por tudo na minha vida. Gostaria de compartilhar

algumas palavras entre mim e o meu irmao espiritual Gabriel Buchmann,

com o qual convivi maior parte de minha vida e fez uma diferenca

estratosferica na minha maneira de ser.

Canção Da América

Milton Nascimento

Composição: Fernando Brant e Milton Nascimento
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.

Fabio Stilben

Cartas para família e amigos

ENVIADO PARA SANDRA BRANCO SOBRE GABRIEL

Sandrinha :

desde a primeira notícia do desaparecimento, dado pela Band, eu fiquei ligado na história. Senti muito porque eu vi, internamente, que era uma alma boa tentando colaborar por um mundo melhor. Senti muito,sabia? E que coincidência...

mas ele cumpriu alguma meta e, na certa, está continuando o trabalho com melhores possibilidades que antes.

diga a ilana do meu sentimento e quando falar com a mãe dele, diga que um amigo que ele nunca viu torceu pra que tudo tivesse um final feliz. mas o mundo , com essa impermanência e fugacidade da matéria, parece ser só Dor....lembro das fotos dele com as crianças e tudo mais. não se faz um trabalho desses sem ter um caminho iluminado.

Repito : fiquei fã desse cara desde a primeira notícia e como a família dele que ele era experiente, prudente e preparado, eu pensei que iam encontrá-lo vivo.

Vivo ele está. Mortos somos nós.

é isso aí, amiga.

um beijo grande

Roberto Menezes

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Ei Titi, ei Fatima,

Com certeza um dos grandes responsaveis por eu estar realizando esse meu sonho foi o Gabriel, ele me ajudou com todos os tipos de dicas possiveis, roteiro, como me proteger, vacinar, o que levar, enfim, tudo mesmo.
Eu sempre quis viajar e nunca tive coragem, quando me vi numa oportunidade que seria unica, resolvi que ia, mas nao sabia muito bem como comecar a planejar, foi a Lara me falou do Gabriel e me colocou em contato com vc, dai pra frente minha viagem conseguiu tomar forma. O que eu mais quero com elaesa viagem? Conhecer o mundo, culturas diferentes e entender um pouco mais as diferencas nesse mundo que ao mesmo tempo e' grande e pequeno.

Eu tenho todos os e-mails que o Gabriel me mandou, ou quase todos, se voces quiserem eu mando pra voces.

Pode deixar que eu vou ter cuidado sim, inclusive o Gabriel em alguns e-mails falava isso, para ter cuidado com certas coisas.

Em um dos ultimos e-mails que ele me mandou, ele disse que estava na Africa e disse que estaria de volta ao Brasil entre julho e agosto e disse que era para gente se conhecer, infelizmente isso nao possivel, sei que perdi a oportunidade de conhecer melhor uma pessoa incrivel, mas ao mesmo tempo, parece que eu o conhecia a muito tempo, conversar com ele era muito facil, eu me sentia completamente a vontade para fazer a pergunta que eu quisesse.

Eu acompanhei o blog todos os dias e rezei todos os dias por voces e pelo Gabriel, quando a Lara me avisou que haviam encontrato o corpo do Gabriel havia sido em contrado, chorei com voces e rezei para que voces pudessem passar por tudo isso da melhor forma possivel.

Ah, e desde que eu conheci o Gabriel, estou colocando em pratica uma coisa que aprendi com ele: ajudar ao proximo, sem esperar nada em troca, so pelo fato de ver alguem podendo realizar um sonho, ser feliz.
Eu posso estar sendo a primeira pessoa a viajar com as dicas dele, mas depois de mim muitos o farao, porque eu ja passei as dicas dele pra algumas pessoas.

Vou estar viajando durante os proximos 8 meses, pela Europa e pela Asia, acesso a internet nao vai ser tao facil mas tambem nao e' impossivel, qualquer coisa que eu possa ser util, entrem em contato comigo, por favor.

Titi querida, mais uma vez obrigada!!

Forca e felicidades pra voces.
Beijos,

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Oi Cris,
queria ter te escrito antes, mas meus ultimos dias no Brasil foram muito corridos, depois eu viajei e so' agora eu parei de verdade.
Me desculpe pela falta de acentos, mas o computador aqui nao tem isso....
Bom, primeiro eu queria agradecer pela oportunidade de alguma forma eu ter conhecido o Gabriel, saiba que muito da minha viagem so' vai ser possivel porque ele me ajudou muito.
Eu estou agora realizando o meu maior sonho, sair do Brasil e poder conhecer o que existe no mundo, de uma forma nao muito convencional, conhecer as pessoas, as culturas tao diferentes da nossa.
Ainda estou no comecinho da viagem, mas ja' estou adorando e ansiosa pra chegar ao proximo destino.
Nao tive a oportunidade de agradecer ao Gabriel por me ajudar a realizar esse sonho, mas eu posso te agradecer por ter colaborado com isso tambem.
Quero que saiba que muitos dos meus amigos se comoveram muito com a historia do Gabriel, acompanharam tudo e sempre me perguntavam dele, sobre ele e como ele surgiu na minha vida. Todos se comoveram muito e esperam que a historia do Gabriel nao pare por aqui. Quando o corpo dele foi encontrado, muitos dos meus amigos pediram pra te falar que eles estavam pedindo a Deus pra que ele ilumine a sua vida e a vida da familia do Gabriel daqui pra frente, e pediram pra que a historia dele nao acabe junto com a vida terrena dele. Estou transmitindo pra voce, e pesso que transmita tambem pra familia do Gabriel..
No sabado, quando vim pra Londres, parei em Sao Paulo e a Lara foi almocar comigo, ela deu noticias suas, disse que vc esta' bem. Que bom!!!

Bom, muito obrigada!!!
Uma vez voce ofereceu ajuda na minha viagem, eu vou querer sim, agora eu estou planejando a entrada na Russia e os proximos passo na Asia, mas antes de chegar na India eu te escrevo, quero todas as dicas que vc puder me dar. E quando eu voltar pra Europa te escrevo tambem.
Beijos e mais uma vez obrigada!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mais cartas para Gabriel

Ao longo dessas últimas semanas, recebemos mensagens muito bonitas. Gostaríamos de compartilhar ao menos algumas delas com aqueles que acompanharam e, de alguma forma, foram tocados pela história do Gabriel. Publicaremos ainda outras.

Em nome da família e dos amigos, muito obrigado a todos pela força e pelo carinho.

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Subject: Obrigada, Gabriel
From: saothiago@gmail.com
To: ajudegb@hotmail.com

A alma de Gabriel é tão grande que hoje vive dentro de muitas pessoas. Convivo com uma pessoa que conheceu o Gabriel e que sentiu muito a sua partida. Para mim, que nunca o vi, ele não partiu, ao contrário, ele chegou, começou a fazer parte da minha história também. Ontem eu vi seu vídeo em que brinca de malabares com as crianças e desde então estou diferente. Quantos sentimentos bons surgiram em apenas alguns segundos admirando aquela cena. Fui trabalhar com a certeza de que o pouco que eu faça pelo meu semelhante é o bastante para transformar o mundo. Foi como se eu, de repente, fosse convocada para fazer parte de uma força tarefa chamada "ajude Gabriel". O Gabriel ainda seria muito útil ao mundo se estivesse vivo, mas partindo ele pôde chegar a lugares que talvez nunca imaginasse chegar, na alma de muitas pessoas que desejam fazer o bem e que precisavam compreender que isto é muito simples. É na simplicidade de andar pela vida levando na mochila somente o necessário, olhando nos olhos das pessoas, escutando o que elas tanto necessitam falar, deixando ser tocado por elas, brincando com as crianças e os animais, encontrando forças na natureza, compartilhando o que se tem e o que se é. É assim que devemos passar pela vida. Gabriel entendeu que a maior revolução é o amor. Muito obrigada, Gabriel.

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Oi, tudo bem?

Tenho acompanhado o blog. Gabriel me serve de exemplo. Sempre me podei de fazer coisas; uma delas, uma viagem à Africa do Sul: cancelei uma semana de antecedência. Chegaria em Joanesburgo no dia 9 de agosto, data de retorno do corpo de Gabriel. Politicas públicas para países subdesenvolvidos sempre me interessaram. Enfim.

Muito interessante a idéia de uma exposição fotográfica. Sou jornalista e atualmente moro em Brasilia. Trabalho na Assessoria de Imprensa do Ministério do Trabalho e Emprego. Caso a exposição ocorra, seria muito bom se passasse por Brasilia; quem sabe, no Museu da República.

Caso tenha intesse, podemos fazer uma articulação.


Um abraço,

Silmara Cossolino

Carta para Gabriel

GABRIEL

Eu me lembro dos almoços de domingo na casa da minha mãe. Seus netos Flavia e Fabio, meus filhos, Gabriel e Nina, do Sergio e da Fátima, Amanda, da Belinha e Rafael, do Marinho, todos juntos.

Faziam a maior bagunça, mexiam em tudo,faziam muito barulho. Gabriel ficava na dele, lendo seus livros e todas as mães invejavam a Fátima,querendo saber o que fazer para ter um filho como o Gabriel.

Eu brincava com ele, cantando “Gabriel... Gabriel..., gosta de comer pastel...” e ele completava ... embrulhado no papel.... e olhando para o céu... e comendo pão de mel...

Gabriel cresceu e não decepcionou: suas leituras, sua inteligência e sua concentração se confirmaram nas excelentes notas desde o primário até a faculdade, nos primeiros lugares e nas portas que se abriram para seu crescimento na pós e mestrado. Ele surpreendeu mesmo, foi no seu vigor físico. Aquele garotinho magrela, desengonçado no futebol, era capaz de enfrentar qualquer adversidade, andando 5 dias a cavalo, atravessando as estepes geladas da Mongólia, andando de camelo, em pé, no deserto, com os beduínos, dormindo em Gers, com famílias mongóis. Era capaz de pegar 5 onibus, 2 trens e 2 barcos para atravessar o norte do Vietnam, Laos e Camboja para participar da festa de reveillon em Ko Paghan, ilha paradisíaca ao sul da Tailândia. Rodou de carona pelo Paquistão, Turquia e Jordânia.

Gabriel conheceu as principais cidades do mundo: Paris, Londres, Amsterdam, mas sentia que aquele não era seu lugar. Preferia as tabas indígenas da Amazônia, as aldeias do interior do Vietnan, as aldeiotas distantes do Afganistão e do Casaquistão, os vilarejos da Índia.

Lá ele tinha oportunidade de conhecer de perto a pobreza do mundo, matéria de seus estudos sobre a Economia da Pobreza. Gabriel não buscava informação, mas sim experiência. Ele gostava de viver como eles viviam, ajudando a regar as plantações de arroz no Vietnam, arando a terra na Índia, andando por 16 dias em trilhas pelo circuito de Anapuma, no Tibet. Comia a comida que eles comiam, dormia como eles dormiam. Gostava de se vestir como eles se vestiam.Tirou muitas fotos com trajes típicos. Fazia muitas amizades por onde passava, recebendo vários nomes: Chajian na China; GA no Vietnam; Tsen, na Tailândia e do seu amigo africano, da tribo massai, recebeu o nome de Lemaya.

O dinheiro que economizava em hotéis, ele usava para ajudar as famílias pobres com quem convivia. Mas não era questão de dar dinheiro. Ele participava. Sua maior alegria foi quando saiu com um menino pobre visitando várias escolas e na melhor delas, conversou com o diretor e pagou a matrícula e 1 ano de mensalidade escolar, avisando que se o menino lhe enviasse o boletim com boas notas, pagaria os anos seguintes. Tudo isso, lhe custou 42 dólares.

Amigo dos animais, brincava com macacos, dormia com jibóias, flertava com uma naja, corria atrás dos camelos no deserto para lhes montar em pelo, se divertia com os tigres. Sua maior paixão, no entanto, eram os elefantes. Ficava admirado quando eles lhe abraçavam com a tromba e o colocavam no dorso, para caminhar. Ele achava mais lento que os camelos, mas ficava feliz, pois era uma altura de quase 3 metros, uma queda feia.

Fruto de uma mistura de educações religiosas milenares, a cristã e a judaica, tinha no Amor seu guia, mas sabia que não bastava estudar e saber, sem praticar. Assim, seguia aprendendo e ajudando.

Aprendendo e ajudando, ele seguia caminhando. Como um Mahatma Ghandi, ou mesmo como um Forrest Gump, ele caminhava, caminhava, incansável na sua busca por conhecimento e pela pratica da caridade aos mais necessitados, não importando sua nacionalidade ou crença. Buscava sempre a D’us, e por isso, gostava de subir montanhas, talvez para se sentir mais perto dEle. Assim, subiu o Himalaia, o Fen Xi Pan, de 3100 m de altura, na Indochina, o Kilimanjaro, a Huan Shan, montanha sagrada do induísmo.

Acredita-se que os Jardins do Edem ficavam na África. Dizem que os primeiros homens eram da África. A África foi o lugar que Gabriel escolheu para terminar sua viagem. Em Malawi, resolveu subir o monte Mulanje. Subiu, subiu, cada vez mais perto do cume e do céu. Não precisava da sua mochila grande e a deixou no hotel; continuou subindo, subindo. Sua mochila pequena também não lhe fazia falta e a deixou no alojamento do parque; e foi subindo, subindo. Apesar de nunca ter estado lá, sabia o caminho e não precisava mais do guia, que retornou. Gabriel continuou subindo, subindo, até que em certo momento, sentiu que também não precisava mais do seu corpo. Assim, o colocou aninhado num cantinho da trilha e continuou subindo, subindo, subindo...

Vai, Gabriel, vai comer pastel.... lá no Céu.

Aproveita e manda um beijo para meu irmão, teu pai.

Guilherme

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Meus sinceros agradecimentos, por Cristina Reis

"Agradecer significa demonstrar gratidão, palavra advinda do passivo da palavra latina gratus, num sentido de ter sido agradado ou sentir-se deliciado. Quero dizer que nunca na minha vida compreendi e vivenciei tão fortemente esse sentimento. Parece um absurdo, pois passo a dor mais profunda, jamais sentida dantes – a de ter perdido um grande amor. Mas na verdade não o perdi, não o perdemos. Quem conviveu com Gabriel, trocou momentos com ele e quem soube da história após o desfecho trágico da realização de seu sonho, ganhou muito. Ganhamos a oportunidade de conhecer seu espírito jovem e caridoso, sua vontade de melhorar o mundo, sua gana pelo conhecimento, seu amor ao próximo. Ganhamos a sensação de ser a pessoa mais interessante no presente pleno, o do aqui e agora, pois Gabriel paralisava o tempo e o ambiente externo quando conversava com alguém, prestando atenção total. Aliás, ele era o melhor exemplo do “sê inteiro”, de Pessoa. Além de íntegro de caráter.

Gabriel estava sempre se deslumbrando, como uma criança a ver as coisas pela primeira vez. Esta faculdade era uma das que mais me admiravam. E, enquanto se encantava com as cores, a natureza e os seres humanos, seguia encantando a todos, mostrando que bonito é o mundo em que estamos. Era também um ser fluído, camaleão. Não lhe bastava observar, precisava participar. Queria saber como é o trabalho de cada um, presenciando ao máximo a divisão do trabalho, como estudamos em economia – capinar a terra, cerzir um tapete, dirigir caminhões, escrever artigos sobre educação. Precisava sentir na pele a temperatura da água, mirar a partir do topo a visão das montanhas e das árvores, provar o colorido das roupas dos diferentes povos, dançar todos os ritmos. Saiu pelo mundo em busca de sabedoria, a mais importante delas, a que traz as respostas para os questionamentos e impulsos internos. Respostas que se desvelavam enquanto lidava com as diferentes realidades dos povos, viu a pobreza sob vários ângulos e também a riqueza da alma humana.

Meu querido era lindo. De alma pura, olhar verdadeiro. E será para sempre nos nossos corações. Como disse no velório, aprendi com ele a plenitude do amor e a gostar de mim mesma. Sinto-me grata à vida e a Deus por tê-lo amado plenamente, aceitando também seus defeitos. Amei sua essência, compreendi a verdade do meu próprio lado, a ilusão que fiz sobre quem ele era – como fazemos com tudo e todos que vemos. E quando a minha ilusão se desfez, continuei firme ao seu lado. E, por incrível que pareça, amando-o mais ainda.

Sinto-me grata pela onda de amor e solidariedade que se ergueu na busca de Gabriel, sinto-me grata igualmente por todas as pessoas envolvidas nessa história. Fico contente por cada palavra de amor, cada olhar afetuoso, cada gesto nobre. Neste período duro de buscas, as pessoas mostraram seu lado mais belo, mais amoroso. Sou grata à comoção de cada brasileiro e de cada estrangeiro. Agradeço as doações, a todos que trabalharam nas buscas, a imprensa – por ter lhe dado a oportunidade de divulgar seus ideais e aumentar a corrente de orações. E que corrente maravilhosa! Nunca esquecerei o empenho e dedicação dos malauienses, canadenses, argentinos, brasileiros e demais que escalaram o monte Mulanje para achar o Gab. Graças a Deus fomos bem sucedidos, ele retornou à sua terra e à sua família, recebendo as despedidas e homenagens merecidas. Agradeço o imenso carinho da família e dos amigos – meus e do Gabriel -, que vão no meu coração avante pela vida inteira. Em especial, obrigada meu irmão, André, por estar ao meu lado no Malauí, sem você eu não teria suportado a dor da má notícia.

Num dos últimos dias em que estive com Gabriel, gritamos como loucos para as cataratas Vitória, na Zâmbia, um estrondoso OBRIGADA a Deus por estar ali, juntos, diante de tanta beleza (em anexo, uma foto desse dia). Sentíamo-nos plenos de amor e felicidade. E assim quero seguir sentindo. A tal onda gigante de amor despertou uma força poderosa dentro de mim, que não imaginava possuir. Uma força para vencer essa dor e sentir-me feliz por estar viva, tocando em frente com fé, como na música que cantarolávamos juntos....

Beijos para todos,

Titi"

Tocando em Frente


Composição: Almir Sater e Renato Teixeira


Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia.
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
e no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

NA MÍDIA e AGRADECIMENTOS

Veja a linda reportagem do G1, pelo link.

A equipe do programa do Esporte Espetacular esta chegando ao Maláui, vão fazer a trilha do monte Mulange em homenagem ao nosso querido Gabriel. Quanta emoção! Junto com a ONG colocarão uma placa no PICO. Aguardem os próximos programas; a data de apresentação, ainda, vai ser confirmada.

Vamos manter a chama acesa. Muito obrigado as organizações GLOBO pela belíssima cobertura.

Agradecemos novamente a ONG Mulanje Mountain Conservation Trust (MMCT), pela placa que colocará no Mulange em homenagem ao Gabriel, com as seguintes palavras: "“Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Estamos muito comovidos por tudo.
Um grande abraço em nome da família e dos amigos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Agradecimentos

Desculpem a demora em postá-los, mas os responsáveis pelo Blog saíram do ar por alguns dias por exaustão e emoção!

Mas, continuamos firmes e fortes aqui.

Nosso profundo e sincero Obrigado. Agradecemos de coração:

À Secretaria de Defesa Civil do RJ que, junto ao Corpo de Bombeiros do Estado do Rio, possibilitou a ida, pela primeira vez, de uma equipe de resgate em missão internacional.

- À Primeira Dama do Estado, cuja solidariedade de MÃE foi imensa.

- À Dreams Tour, que não mediu esforços para agilizar a viagem da equipe de voluntários canadenses.

- Ao Itamaraty, cuja valiosa colaboração foi fundamental na busca e resgate de Gabriel

- Ao Governo do Maláui, por sua prestimosa ajuda.

- Aos grupos de busca locais do Maláui, que foram incansáveis em seu trabalho de resgate.

- Aos meios de comunicação, rádios, jornais , televisão e internet, que divulgaram e continuam a divulgar com extrema sensibilidade e profissionalismo todo a estória de Gabriel.

- Aos amigos de fé que noite e dia , incansavelmente, amorosamente e intensamente se desdobraram em esforços para organizar uma eficiente força tarefa em prol do Gabriel.

- Ao Clube de Regatas Flamengo que homenageou o rubro-negro Gabriel com um minuto de silêncio no jogo Flamengo X Corintians, em 09 de agosto de 2009.

- A ONG MMCT de Mulanje.

- Ao Esquadrão Aéreo Terrestre de Salvamento (PARA-SAR),que prestou assessoramento à equipe de busca do Maláui.

A todos aqueles, amigos, amigos dos amigos, desconhecidos, que se solidarizaram, nos prestando assistência financeira, moral , espiritual e profissional.

Mais uma vez, muito obrigado! Um grande abraço a todos que nos acompanham nessa missão.
NOSSO BLOG CONTINUA. Novas mensagens estarão vindo...

O Legado de Gabriel... por uma Mãe

O LEGADO DE GABRIEL

Sempre me despedi de você, em suas viagens,nem que fosse por email. Agora dizem que é definitivo. Mesmo assim, beijinhos e BOA VIAGEM;

Mas a vida contém mistérios e se chegarmos a nos encontrar, aviso que te aceito em qualquer papel, até de mãe de verdade, porque agora tenho o MANUAL DE FUNCIONAMENTO, que custei a entender.

Frassinette, mãe de Natalia, amiga de Fátima, de Nina. de Paulinho

de Gabriel e da família . Podem me adotar.

GABRIEL, meu amiguinho querido,

Estou convencida de que Deus , após te proporcionar essa inteligência privilegiada e mais,bondade , coragem, ousadia , alegria, simplicidade (e, como brinde, um encanto natural) deve ter te levado para junto de si, com uma missão especial de criar um programa de transformação do mundo que Ele não estava conseguindo promover e não é possível continuar tendo um sexto da população vivendo na miséria e alguns poucos bilionários, se apropriando de parcelas significativas da riqueza do mundo, sem que os resultados disso – a fome, a morte, as doenças etc. comovam a mídia, as Instituições e cada um de nós., em particular. Sem querer sensacionalismo, lembro apenas que o número de crianças que morrem de fome por dia equivale a duas torres gêmeas, e mesmo assim não existe divulgação e permanecemos indiferentes.

Diante das manifestações de solidariedade, de competência, de organização, desses jovens que, desde o primeiro momento comandaram as iniciativas necessárias à sua busca, cheios de amargura e dor mas , ao mesmo tempo, transformando esses sentimentos em ação, a ponto de gerar um clima otimista, positivo, de esperança, e também da divulgação exaustiva, que chegou a várias partes do mundo, pensei que não teria nada a acrescentar ao blog. Pensei em ficar com a minha saudade, as coisas que aprendi com você – não guardar mágoa, saber pedir, baixar um pouco o nível, ver os preços, o que já era uma grande vantagem. Só impliquei com a chamada de toda a mídia para o “economista brasileiro que desapareceu na África”;

Acho que antes de ser economista você sempre foi uma pessoa com o espírito rico, de bem com a vida, que valoriza os outros, que sempre tinha uma idéia boa para nossos problemas e, apesar de toda a vocação para o estudo da pobreza e a defesa dos pobres, adorava um restaurantezinho gostoso, um táxi, quando eu há estava exausta, uma festinha familiar, ou seja, receber, conversar, conhecer gente e outras coisas de que não me lembro. .

De repente, o espetáculo que se transformou a luta pelo seu resgate, imediatamente após o conhecimento de que você não havia voltado, unindo num só bloco, família , seus amigos, sua namorada, a especial Cris, sua mãe, cuja dor tornou-a ainda mais capaz e mais ativa, intercalando momentos de choro, com iniciativas. contatos, esperança e desespero veio me motivar para te escrever. Tenho a impressão de que preciso te contar que você está ficando cada dia mais celebridade. Mas, voltando para as buscas, aos poucos, cada segmento foi se dedicando ao que lhe era mais adequado executar, com disposição para tudo, até as idas à África, e tudo mais que necessário fosse. Era a semente do que você plantou. Gabriel, que começava a germinar. Vieram todos os seus amigos e também os amigos dos amigos até chegar aos conhecidos dos amigos , todos empenhados em colaborar. Tinha-se a impressão que o comando pertencia a Cris, aliás, sua dedicação era tal que imediatamente esquecíamos sua aparente fragilidade e passávamos a ver sua força interior, chorando e trabalhando ao mesmo tempo, falando com o mundo inteiro, repassando informações, sem trégua nem descanso. Tinha sempre alguém diante do computador, com um skipe, fazendo anotações. A impressão que se tinha daquele quarto transformado em Estado Maior era de que esse exército de jovens estava empenhado em defender o Brasil de alguma invasão perigosa.. Suas armas eram computadores, bloquinhos e papéis diversos com anotações, telefones, laptops, celulares, os mais diversos budgets, que ficavam espalhados a serviço desses soldados da amizade que, durante 24 horas por dia, nos 18 dias de busca, eram utilizados para tomar as providências necessárias. Surgiam idéias, que eram desenvolvidas nesse quarto, após o estudo estratégico, porque não houve erros. Todas as ações eram analisadas. E o entra e sai constante, porque havia turnos., com exceção da Cris, que ficava permanentemente, provavelmente utilizando forças que só o amor é capaz de oferecer. Além dessa SOLIDARIEDADE, viu-se, naqueles dias, o DESPRENDIMENTO FINANCEIRO, como se eles fossem budistas, praticando sua religião, treinando o desapego.. Cada um dava o que podia, enquanto apareciam surpresas agradáveis de doações . que viabilizaram muitas despesas, impossíveis de serem bancadas pela família . E, a cada dia mais uma vitória, os Voluntários Canadenses, o Helicóptero, as grupos de procura, o apoio do Itamaraty, até o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. E a IMPRENSA, que se juntou à causa e exerceu muito bem seu papel. Houve poucas notícias erradas, e apenas um contato maldoso, mas o saldo foi positivo. O corpo foi achado e acabaram-se as esperanças, mas não há uma iniciativa que não tenha sido efetuada para continuar contigo. Particularmente, acho que, apesar daquela chamada sempre lembrando o economista brasileiro. através das inúmeras entrevistas .ficou claro que sua BONDADE e seus VALORES prevaleciam na avaliação de seu perfil. . E foi por isso que a mobilização em torno do acontecimento ganhou notoriedade. Mesmo quem não conviveu com você, sempre ouvia alguma estória onde estavam presentes essas características e logo percebiam que você é especial.

Ao partir assim de repente, você levou consigo bondade, simplicidade, gosto pela vida, interesse pelas outras pessoas enfim, tudo que compunha seu perfil que também incluía alguns aspectos capazes de tirar o sossego de quem fosse mais convencional.(o exagerado amor pelo desconhecido, a intensidade com que vivia cada dia., a inquietação, uma certa vocação para coisas difíceis, a vontade de ultrapassar limites . . . e pequenos detalhes que muitas vezes me deixaram sem dormir.) Chegamos à nossa estória, inicialmente maravilhosa, já que você, sabiamente, apresentou-se com o quadro que continha a informação de seu primeiro lugar no vestibular de toda a PUC e a entrevista, onde dizia que queria ser Ministro. Depois veio o intercâmbio e você teve o grande azar de ser a primeira pessoa a se relacionar comigo, vendo em Natalia uma adulta. E eu a queria criança, dando satisfação de tudo que fizesse, onde estava e tudo o mais que nunca consegui. Hoje tenho vergonha dessas exigências. Assim, nossa amizade foi construída a partir de diferenças, de discussões, divergências, mas, a verdade e a ética que nunca deixaram que nosso diálogo fosse interrompido, ajudou a nos aceitarmos e, aos poucos, pude constatar que muitas vezes era você que estava certo. Acabei por entender que alguns desses defeitos davam cor à vida, e, sem sentir, fui aprendendo e praticando alguns de seus valores. Até que nos descobrimos amigos, depois grandes amigos, e cada dia sempre mais amigos , resumindo, aprendi muito e jamais te esquecerei, porque estou impregnada de muitos de seus pensamentos, embora esteja muito longe de ao menos parecer com você. . Mas essa foi apenas uma vantagem pessoal, que tive a dádiva de viver.

Preocupo-me com todos os menos favorecidos que certamente seriam alvo de suas políticas. O que será feito da experiência vivida nessse último ano? Ela é única, porque todos que se propõem a estudar ou discutir problemas do povo hospedam-se nos melhores hotéis e têm contato com os poderosos do lugar. Não vivem a realidade como você viveu. Ficam protegidos da violência, usam seguranças e depois elaboram metas para diminuir a injustiça social, discutidas em algum FORUM ou publicadas uma vez por ano quando os países são classificados pelos índices que eles mesmos inventam. Tipo . . . “ no dia em que alguém imaginou que se duas pessoas saem para almoçar e que uma comeu duas galinhas e a outra ficou olhando, a estatística comprova que cada pessoa comeu uma galinha” . E o pobre do PIB ficou desmoralizado na função de descrever uma população. Aí criaram outro índice, e por aí vai. O próximo IDH, após consultar a população (bastante democrático) vai estudar VALORES: respeito, justiça, paz, ausência de preconceito, humanidade, amor, honestidade, valor espiritual, responsabilidade e consciência. Se não der IBOPE mudam a base de comparação ou qualquer outro artifício capaz de manter o “ status quo” . . . e os pobres e miseráveis continuam lá.

Agora, com a exagerada consagração da sociedade de consumo,.resolveram incluir os pobres e torná-los alvo de suas campanhas, criando necessidades inexistentes e oferecendo crédito, o que os torna , além de endividados, preocupados, porque fazem operações que desconhecem até que ponto estão sendo extorquidos. Com as novelas e propagandas, são levados a admirar os ricos e querer ser um deles. Não se valoriza mais, os bens mais preciosos da vida, como o sono, o amor, a amizade, a saúde, a fé, para os religiosos, as conversas entre amigos etc. Minhas esperanças estavam depositadas em Gabriel, porque ele provavelmente evoluiria para um profissional crítico, capaz de agir, teria idéias, defenderia os menos favorecidos, não com caridade, um valor antigo que serve apenas para o bem estar de quem dá, que se livra de seus pecados. Nem iria buscar as soluções extremas, já vividas, que não deram resultado.

Alguém definiu Gabriel como SONHADOR ou FAZEDOR DE SONHOS. Como ele e como Luther King, eu também tenho não apenas um sonho, mas muitos. Minha geração nem sequer teve o direito de pensar se queria provocar alguma modificação. Alguns poucos entraaram para a luta armada e , quase sempre, sofreram muito com a ditadura. Alguns foram hyppies e eu entrei para a turma dos yuppies, trabalhando em estatal. Agora posso sonhar e sonho. O primeiro deles acabou de ser aparentemente destruído, com a viagem de Gabriel.

Vocês, jovens que trabalharam tão profissionalmente, articuladamente, gente de várias formações, até da tão mal falada mídia, que conseguiram descobri onde estava Gabriel, ainda que sem vida, agora sabem da FORÇA que têm, do PODER que a capacidade intelectual aliada a um questionamento filosófico da vida é capaz de produzir, ESSE É O LEGADO DE GABRIEL., que permite construir um mundo melhor.

A HERANÇA, embora tenha ido com ele, ficou um pouco, nas lembranças das conversas, nos textos dos emails, nas poesias que gostava.. E certamente ele ainda ia chegar a idéias ou conclusões diferentes das que levou Tenho certeza que construiria sua própria teoria Era, ainda, antes de tudo, um MENINO levado, cheio de saber, facilmente empolgável. Esperava muito que a maturidade e o doutorado lhe trouxesse a auto confiança necessária para assumir idéias inovadoras, criativas, compatíveis com a necessidade atual. Penso que iria vê-lo na Presidência do Banco Mundial ou sendo agraciado com um Prêmio Nobel. Ele tinha tudo para chegar lá. .

Agora, só posso te pedir que ILUMINE nossas vidas e, particularmente, quero que você seja aquele anjinho que um dia você disse que eu tinha sido para você.

Frassinette